Teoria integral: meta-explicação para uma vida plena

Um dos princípios da Teoria Integral é o da não-exclusão, do átomo ao universo.
Um dos princípios da Teoria Integral é o da não-exclusão, do átomo ao universo.
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Neste artigo, apresento a Teoria Integral enquanto a segunda meta-explicação para melhor lidar com o cuidado de si (Clique aqui para conhecer a primeira). Apresento os tipos de verdade que são incluídos na vida integral bem como os princípios que caracterizam a abordagem genuína da vida integral. Por fim, analiso o espectro da consciência da Teoria Integral, relacionando crescimento e despertar.

O que é a Teoria Integral? Seu autor, o bioquímico e filósofo americano Ken Wilber, define-a a partir do termo “integral”. Integral significa inclusivo, transversal, abrangente, inteiro, unificado e completo. Por conseguinte, a teoria que fundamenta a vida integral, isto é, a teoria integral, é uma abordagem do ser humano e do mundo baseada no maior número possível de perspectivas (verdades, princípios, disciplinas e conhecimentos).

Uma perspectiva é um modo de olhar para as coisas, um ponto de vista carregado com verdades, princípios, disciplinas e conhecimentos. Minha perspectiva ao olhar para esta tela, com estes escritos, é diferente da sua perspectiva ao olhar para a mesma tela, com os mesmos escritos. Primeira pessoa: “Eu escrevo e leio”. Segunda pessoa: “Você lê e escreve, ou toma notas”. De qualquer modo, existe o potência de termos uma perspectiva compartilhada, termos pontos em comum, caso aprendemos a ter empatia. Primeira pessoa: “Eu estou na posição de leitor do meu próprio escrito” ou “Eu (você) estou na posição de escritor daquilo que estou lendo”.

Assim, desenvolvemos uma perspectiva para além daquela restrita pelo nosso ego, para além do egocentrismo, na direção de um “Nós”. Tanto para mim quanto para você, ampliamos nossa perspectiva com uma terceira pessoa, a saber, sobre o que estamos escrevendo e lendo. No nosso caso, eis a nossa terceira pessoa: “Ela (a teoria integral) é definida como…”. Nessa relação entre eu, você e ela, temos a nossa própria “verdade” ao mesmo tempo em que vamos atrás de outras perspectivas: outros egos, ou pessoas, com conhecimentos e opiniões sobre “ela”, que julgamos e comparamos com as nossas próprias perspectivas, e por aí seguimos.

Essa é uma das motivações por trás da ação de “compartilhar” e “comentar” algo nas redes sociais, não é? Queremos testar nossa perspectiva sobre algo, ampliando a nossa verdade. A partir dessa introdução, destacam-se dois elementos fundamentais da Teoria Integral, a saber:

  1. os tipos de verdade, incluindo as sombras, ou auto-mentiras
  2. o espectro da consciência, entre crescimento e despertar

Tipos de verdade da Teoria Integral

A realidade contém todo o tipo de verdade. Entre os tipo de verdade que podemos caracterizar, temos as seguintes dimensões:

  • Verdadeiro ou verdade objetiva
  • Belo ou veracidade subjetiva
  • Sombra ou auto-mentira
  • Bom ou veracidade coletiva (ou intersubjetiva)

Verdadeiro

O verdadeiro é a verdade objetiva (objetive truth), o fato que conecta a primeira e a segunda pessoa para além dos nossos egos, e os demais que por aqui passarem.

“Eu” e “Você” e os demais temos como verdadeiro que: “O Beto escreveu um artigo no Blog sobre a Teoria Integral”. Ou: “O dia está nublado”, se estivermos jogando conversa fora e você estiver no mesmo raio geográfico que eu.

Não se trata de opiniões, interpretações, sentimentos e impressões. Ao contrário, é o espaço-externo-da-primeira-pessoa.

Belo

O Belo, por sua vez, está restrito ao espaço-do-Eu-da-primeira-pessoa.

Quando digo, “Aquele cavalo é bonito”, ele não apenas é bonito para mim, pois não se trata “do cavalo que é bonito”, mas da sensação interna provocada em mim por algo externo. Trata-se da minha percepção. Isso segue para frases do tipo, “Aquilo que me agrada” e “As coisas que eu gosto de fazer”. Aqui, não se trata de verdade objetiva.

Com efeito, trata-se da veracidade (truthfulness) do meu sentimento sobre as coisas. É a veracidade do meu julgamento, da minha interpretação, das minhas emoções e da minha impressão. Ainda que restrito ao espaço-do-Eu, exprimimos e comunicamos nossas perspectivas com outras pessoas, colocando a veracidade da nossa perspectiva no mundo. Outras pessoas vão sentir a beleza do cavalo de modo diferente, longe de ter um julgamento certo ou errado.

Sombras

Antes de vermos sobre o Bom, vamos incluir um elemento transversal na análise da veracidade dos tipos de verdade.

O elemento é denominado de sombra, ou auto-mentira. Podemos saber sobre o tempo estar nublado. Mas podemos mentir sobre o tempo estar nublado, ou sobre a beleza do cavalo. Porém, mais profundo, é sair da ignorância e conseguir auto-analisar as razões pelas quais mentimos. Pior, é ignorar o cuidado de si para auto-analisar as mentiras que sustentamos para nós mesmos sobre como sentimos e pensamos sobre a mentira e para quem falamos a mentira. Nesse caso, criamos veracidades enquanto auto-mentiras, ou sombras que representam as emoções e os pensamentos falseados, criando repressões, rupturas, dores e sofrimentos.

Deve ficar claro como esse comportamento nos afasta da integralidade da vida Integral. Por isso mesmo, ele é parte integrante da Teoria Integral, particularmente na “Limpeza”, dentro do espectro da consciência que veremos abaixo. (Outro ponto importante de conexão: no livro “Com Ítaca na mente“, analisei como somos tentados a afirmar nossas veracidades como se fossem verdades objetivas: sobre o Juízo do Belo, Immanuel Kant chamou essa tentação de “falácia da sub-repção”. Vejam na página 55).

Bom

Buscamos viver em comunidade justamente para ir além das limitações do espaço-do-Eu-da-primeira-pessoa do singular. A comunidade não provém do espaço-externo-da-primeira-pessoa, isto é, as verdades externas, as verdades objetivas.

Nesse caso, o “Eu” e o “Você” formam o “Nós”, locus do Bom. Com efeito, a veracidade como Bom emerge das relações entre os espaço-do-Eu-da-primeira-pessoa, formando um espaço-do-nosso-da-terceira-pessoa do plural, o “Nós”. Trata-se de uma veracidade coletiva.

Esse “Nós” é formado ao querermos entender uns aos outros, nos exprimindo e comunicando, formando o espaço da veracidade do Bom. Nesse espaço reside as relações éticas e morais que, por sua vez, formam uma comunidade, uma coisa pública.

Assim, a Teoria Integral afirma que a conscientização (awareness) envolve a verdade objetiva sobre fatos externos da terceira pessoa, a veracidade coletiva dos valores relacionais da segunda pessoa e a veracidade subjetivas da experiência individual da primeira pessoa. Estar no caminho dessa conscientização é ser inclusivo, transversal, abrangente, inteiro, unificado e completo na criação de significados verdadeiros, íntegros, no nosso viver da vida. Isso é ser um teorista integral, sustentando aquilo que Ken chama de “super-mapa”: expansão da perspectiva para acolher o maior número possível de perspectivas que formam a realidade.

Princípios da Teoria Integral

Junto desse trabalho com as diferentes dimensões da verdade está um conjunto de princípios que caracterizam a abordagem genuína da vida integral (ou, pelo menos, que se esforça em ser assim):

  • Não-exclusão ou não excluir
  • Envolvimento ou incluir (enfoldment)
  • Atuação ou fazer (enactment)

Eles formam o sistema da Teoria Integral que integram outros sistemas, possibilitando “super-mapas” acerca da potência e possibilidades do nosso viver da vida.

Princípio da não-exclusão

É o princípio que combate os reducionismos e as imparcialidades. Ken se apoio no conceito de “paradigma” de Thomas Khun para afirmar que,

O primeiro princípio, da não-exclusão, é quando usamos um dado paradigma para trazer à existência um conjunto de verdades, embora não usemos as verdades desse paradigma para negar a existência ou a verdade de outros paradigmas.

Isso significa uma mudança da perspectiva acerca dos debates que tocam nas interseções, nas fronteiras entre os campos de conhecimento.

Primeiro, devemos reconhecer que a grande parcela dos conhecimentos que sustentamos vem dos paradigmas, e não das experiências. Afinal, não experienciamos um átomo ou um planeta distante. Nem sequer experienciamos uma chuva do lado de fora do apartamento se estivermos com a cortina fechada. Entretanto, de algum modo, sabemos que há verdades envolvidas aqui.

Em segundo lugar, transformamos a perspectiva, da negação de verdade de uma disciplina ou campo de conhecimento, para a verdade que existe, ainda que parcial. Cientistas das áreas duras, como químicos e físicos, costumam duvidar das afirmações, das verdades, provenientes das áreas suaves, como a filosofia, a literatura e a psicologia. “Como é possível estudar a mente humana de maneira objetiva?”, indagam os cientistas duros. “O mundo empírico não é real”, afirmam os pensadores suaves.

Assim, rompendo com os reducionismos, a perspectiva integral aponta que cada abordagem sustenta um certo grau de verdade. E tal verdade se encaixa com todas as outras verdades de todas as outras disciplinas, de maneira não excludente. Para afirmações de cunho subjetivo (como do belo, da sombra e do bom), usemos os paradigmas das veracidades subjetivas. Para os conhecimentos de cunho objetivo (como as verdades científicas), usemos os paradigmas das verdades objetivas. Portanto, as afirmações são verdadeiras, porém parciais.

Princípio do envolvimento

O segundo princípio estabelece que, se todas estão corretas, algumas abordagens são mais corretas do que outras. Ao observarmos o fluxo evolutivo do ser humano individual, dos quarks, aos átomos, às moléculas, às celulas aos organismos, entendemos como um envolve o outro. Os quarks estão incluídos, ou se envolvem, em átomos, os átomos em moléculas, as moléculas em celulas e as celulas em organismos.

Com efeito, a Teoria Integral afirma que a vida é feita de desdobramentos do todo-parte, ou holon. Um holon é um todo que é parte de um todo maior. Ele contribui na criação de um todo maior.

Princípio da atuação

O terceiro princípio sustenta que todos os holons em um dado nível colocam uns aos outros em atividade. Isto é, eles criam uns aos outros e refletem uns aos outros, internamente. Um ser humano individual não se cria sozinho.

Do mesmo modo, os paradigmas encenam os fatos. Isso ajuda a explicar como um todo-parte se encaixa em um todo maior.

O espectro da consciência: crescimento e despertar

Ken desconstrói alguns mitos da espiritualidade. O primeiro, é que a meditação constitui-se na remoção do ego do sujeito, eliminando seus desejos e vontades mundanos em nome da pureza, da santidade e da espiritualidade, através de um exercício continuo de introspecção. Na verdade, o exercício continuo de introspecção, que constitui a meditação, visa a formação de um novo sujeito, ego incluso, para melhor lidar com o viver da vida. E não para a remoção do viver no mundo. A isso, Ken esclarece as confusões relacionadas ao termo egolessness, ou ausência de ego.

Justamente porque o ego, a alma e o Eu (Self) podem estar presentes ao mesmo tempo, não será difícil entender o sentido verdadeiro de ‘ausência do ego’, expressão que tem causado imensa confusão. Ausência do ego não significa a ausência de um eu (self) funcional (o que seria próprio de um psicótico e não de um sábio); significa que o indivíduo não está mais exclusivamente identificado com esse eu.

O segundo mito desnuda o fato de que nem todos que praticam meditação são pessoas mais puras do que outras. Na verdade, há muitas pessoas que meditam e que são grandes “cusões”.

A desconstrução desses mitos faz sentido ao analisarmos o espectro da consciência. Em sua jornada sobre o que fazemos para ser feliz, Ken navegou por várias áreas do saber, da psicanálise aos mestres Zen-budistas e filósofos de diversas épocas. Cada área dizia algo sobre a consciência de algum modo diferente da outra, até mesmo com críticas e contradições umas às outras. Ao invés de analisar qual paradigma estava certo e qual errado, ele abriu-se para a perspectiva de ver o que estava certo em todas elas. Daí surgiu o espectro da consciência, voltado ao desenvolvimento humano, com a publicação do livro homônimo, e o consequente desenvolvimento da Teoria Integral.

Atualmente, sua teoria (com o espectro da consciência, os tipos de verdade e os princípios) é aplicada a uma série de áreas com o objetivo de transformá-las em algo mais holístico, como medicina, direito, história, psicoterapia, educação entre outras. Contudo, uma das áreas fechadas é a dos ensinamentos da espiritualidade ditos exotéricos. O conhecimento exotérico, como os descritos na Bíblia, são fechados em si e ensinados publicamente a uma grande parcela da população. O que lhe interessa, em contrapartida, são os ensinamentos esotéricos, isto é, práticas abertas que levam ao crescimento e ao despertar.

Despertar

Despertar (waking up) diz respeito ao descobrimento das nossas alterações do estado da consciência (consciousness) e da conscientização (awareness). Dentro dos diferentes paradigmas religiosos, encontramos breves relatos milenares dedicados as experiências do despertar. Uma vez envoltos no viver da vida enquanto sobrevivência, com frustrações, angústias, dores, sofrimentos e assim por diante, ocorrem “grandes libertações”. São experiências profundas pelas quais despertamos para uma verdade absoluta sobre nós mesmos, nosso entorno e a nossa relação com o Todo.

Com efeito, a base escondida dos grandes paradigmas religiosos e espirituais é o ensinamento esotérico de como podemos despertar à consciência absoluta. Lembre-se, em último caso, estamos a tratar de veracidades, por meio de técnicas, como a meditação e a introspecção, cujo objeto (geralmente a terceira pessoa) é o obscuro da própria mente e dos pensamentos, das emoções e dos sentimentos (espaço-do-Eu-da-primeira-pessoa).

De qualquer modo, quando temos um experiência de despertar, sabemos, pois uma forte e profunda emoção nos toma, seguida de um sentimento de amor, benção, unicidade… que pode durar segundos ou até períodos mais prolongados.

Crescimento

Crescer (growing up) diz respeito ao descobrimento da nossa compaixão a círculos de inclusão cada vez maior. Para Ken, as realidades relacionadas ao crescimento são relativamente novas. Seu início pode ser datado há cerca de 150 anos (Se olharmos para o Emílio, ou da Educação, de Rousseau, como um tratado sobre os estágios do crescimento moral, temos cerca de 250 anos de trabalho sobre o crescimento). Trata-se dos estágios de crescimento pelos quais os seres humanos passam e evolvem, de um modo ou outro.

Diferente das experiências de despertar, o crescer é mais difícil de experienciar. Pois ele funciona de modo semelhante as regras gramaticais e ortográficas de uma determinada língua. Entretanto, ainda que geralmente sigamos tais regras, não percebemos que assim fazemos e muito menos conseguimos explicar facilmente quais são as regras, suas funções e objetivos na comunicação.

Aqui mesmo, ao ler este artigo, é muito mais provável a sua relação com o conteúdo do que com as regras pelas quais ele foi criado. Do mesmo modo, é mais provável que você tenha refletido sobre o seu despertar, e não se relacionado com o seu estado de crescimento.

Espectro da consciência: um modelo

Vejamos, finalmente, um modelo que apreende a consciência em um espectro, sinalizando diferentes estados das atividades psíquicas. Antes de tudo, é importante ressaltar que os “estados” não representam níveis concretos de crescimento, como degraus de uma escada. Na verdade, os estados representam as vibrações energéticas e, portanto, são probabilidades e potências soltas de crescimento a partir das suas diferentes visões de mundo.

Dito isso, o modelo apresenta os estados de crescimento em diferentes cores e resume o modelo mais amplo e complexo da Teoria Integral.

Estágios egocêntricos

Os estados de consciência são representados pelas cores infravermelho, magenta e vermelho.

  • Para a variável da “Dinâmica do Espiral”, baseada na pesquisa do psicólogo Clare Daves, os estados individuais da consciência são representados assim: infravermelho representa a relação com a sobrevivência (cor bege), magenta, com os espíritos familiares (cor roxa) e vermelho, com os Deuses poderosos (cor vermelha).
  • Para a variável da identidade pessoal, ou “autoidentidade”, baseada nas pesquisas das psicólogas Jane Loevinger e Susanne Cook-Greuter sobre a internalização das regras sociais e o desenvolvimento do ego, os estados individuais da consciência são representados assim: infravermelho representa a internalização simbiótica, magenta, a impulsiva e vermelho, a autoproteção.
  • Por fim, para a variável da cognição, baseada nas pesquisas de Jean Piager, Ken Wilber e Aurobindo Akroyd Ghoshse, os estados individuais da consciência são representados assim: infravermelho representa o funcionamento sensório-motor, magenta, o pré-operacional simbiótico e vermelho, o pré-operacional conceitual.

Estágios etnocêntricos

O estados de consciência é representado pela cor âmbar.

  • Para a variável da “Dinâmica do Espiral”, o estado individual da consciência é representado assim: âmbar representa a força de Verdade (Truth-force).
  • Para a variável da identidade pessoal, o estado individual da consciência é representado assim: âmber representa a internalização social, ou conformismo.
  • Por fim, para a variável da cognição, o estado individual da consciência é representado assim: âmber representa o funcionamento operacional concreto.

Estágios mundicêntricos

Os estados de consciência são representados pelas cores laranja e verde.

  • Para a variável da “Dinâmica do Espiral”, os estados individuais da consciência são representados assim: laranja representa a relação com o esforço (cor laranja) e verde, com vínculos humanos (cor verde).
  • Para a variável da identidade pessoal, os estados individuais da consciência são representados assim: laranja representa a internalização conscienciosa e verde, a individualista.
  • Para a variável da cognição, os estados individuais da consciência são representados assim: laranja representa o funcionamento operacional formal, ou formalidades, e verde, a visão lógica inicial.

Estágios Kosmocêntricos

Os estados de consciência são representados pelas cores azul-petróleo, turquesa e índigo.

  • Para a variável da “Dinâmica do Espiral”, os estados individuais da consciência são representados assim: azul-petróleo representa a relação com o fluxo flexível (cor amarela) e turquesa, com a visão global (cor turquesa) (Não há relação com o índigo nessa variável).
  • Para a variável da identidade pessoal, os estados individuais da consciência são representados assim: azul-petróleo representa a autonomia, turquesa, a criatividade consciente e índigo, a consciência sobre o ego.
  • Por fim, para a variável da cognição, os estados individuais da consciência são representados assim: azul-petróleo representa a visão lógica intermediária, turquesa, a visão lógica avançada e índigo, o mente iluminada.

Para o além e avante

Para as variáveis da identidade pessoal e da cognição, o modelo ainda apresenta outros estados mais elevados da consciência. Os estados de consciência são representados pelas cores violeta, ultra-violeta e luz clara.

  • Para a variável da identidade pessoal, o estado individual da consciência é representado assim: violeta representa a internalização transpessoal (Não há relação com o ultra-violeta e a luz clara nessa variável).
  • Por fim, para a variável da cognição, os estados individuais da consciência são representados assim: violeta representa a meta-mente, ou formalidades, o ultra-violeta, a mente visionária ou líder (overmind) e a luz clara, a supermente.

Crescer e despertar, despertar e crescer

O grande lance da Teoria Integral é justamente relacionar crescer e despertar. Pois, para cada estado de crescimento da consciência, em suas variáveis, há um despertar. Fica claro que há muitas potências em nós, portanto, tanto de crescimento quanto de despertar. Isso explica, por exemplo, o fato de que grandes movimentos espirituais de despertar, como o budismo, o taoísmo, a filosofia grega antiga entre outros, conviveram com sociedades escravagistas. O ponto é: houve despertar, porém, em um estado de crescimento da consciência pautado no etnocentrismo. “Despertar para mim e os os meus semelhantes“, poderia ser dito. Este estado, por sinal, ainda abrange cerca de 70% da população mundial.

Com isso em mente, espero ter deixado para vocês uma síntese da Teoria Integral, particularmente o espectro da consciência desenvolvido a partir do trabalho de Ken Wilber sobre despertar e crescer. Entretanto, há muito mais a falar sobre isso, pois, além do despertar e do crescimento, há os estágios da limpeza (cleaning up), da presença, ou estar presente (showing up), e da comunicação, ou abrir-se (opening up). Isso para nos referir apenas ao espectro desenvolvido por Ken Wilber. Há centenas de outros. Nos vemos em um próximo artigo.

By Beto Cavallari

Professor no Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA) e no Departamento de Graduação em Ciências Sociais Aplicadas na Unimar. PhD em Filosofia pela Columbia University. Mestre em Filosofia pela Columbia University. Mestre em Educação pela Unesp/Marília. Especialista e Bacharel em Administração de Empresas.