Neste artigo, apresento a importância de reconhecer o que é o sistema de crenças no inconsciente e como ele controla nossos hábitos, as vezes de maneira viciosa as vezes de maneira virtuosa no caminho para uma vida plena, como foi demonstrado nos documentários “O Segredo”, “Heal, o poder da mente” e o “O começo da vida”.
A vida é movimento. O filósofo pré-socrático, Heráclito de Éfeso, estabeleceu a teoria do devir ao afirmar que “tudo flui, e nada permanece”. A alegoria que ele utilizou foi a do homem se banhando no rio. Na segunda vez que ele imerge no rio, as águas não são mais as mesmas, e nem o homem.
Entretanto, no caminho para uma vida plena, as coisas nem sempre parecem ser movimento, fluxo, devir. Se tudo flui, o fluir, o movimento apenas faz sentido se existir o estancamento, o bloqueio, o empoçamento. Pode levar tempo para acordar e iniciar o processo de mudança de crenças em busca de uma vida plena.
Está tudo bem, pois estamos tratando de algo de extrema importância. Isto é, encarar o sistema de crenças que herdamos dos nossos pais, avós e outras pessoas próximas requer um trabalho de autoconhecimento e coragem para agir. Em outras palavras, trata-se do agir sobre os bloqueios causados por traumas, medos, tristezas, stress, angústias, preocupações, dúvidas e depressão.
Por isso, o primeiro passo para a mudança de crenças no caminho para uma vida plena é buscar estar mindful (atenção plena). Também podemos chamar de conscientização. Para tal, é muito importante a decisão consciente de ter espaço e tempo para praticar atividades de mindfulness, como a meditação e o Jiu-jitsu (Atividades sobre as quais eu escrevi no artigo anterior do Blog intitulado “O educador casca grossa: mindfulness e Jiu-jitsu na escola“).
Em segundo lugar, é importante estudar e adquirir conhecimentos sobre como os sistemas de crenças são programados na gente e o que eles representam.
Crenças programadas no inconsciente
No livro “Com Ítaca na mente: em busca dos sentidos do ensino“, eu apresentei a importância dos educadores prestarem atenção plena no papel do sentimento sublime na aprendizagem escolar. Fui no “olho do furacão” do tema para entender o movimento do sentimento sublime na filosofia de Immanuel Kant.
Para Kant, o sentimento sublime (dinâmico e matemático) marca e controla o indivíduo para além da capacidade do próprio indivíduo em trazer à consciência essas experiências provocadas por fenômenos externos. Trata-se de uma experiência sentida como uma ruptura interna, que estagna, bloqueia e empoça o viver da vida. Algo que pode ser sentido como uma melancolia (uma depressão profunda) ou um entusiamo (uma alegria profunda).
Desse modo, atualmente eu continuo meus estudos percorrendo outros caminhos para continuar a busca por conhecimento sobre a relação consciente e inconsciente. Ainda sou um estudioso de John Dewey, o principal educador americano do século XXI. Porém, alguns dos pensadores contemporâneos que tenho acompanhado estão fora do circuito acadêmico. É o caso do consultor motivacional canadense Bob Proctor (Quem me conhece desde a Faculdade de Administração sabe que sou extremamente crítico e criterioso quando se trata de falar de discurso motivacional).
Bob Proctor faz parte do documentário, “O Segredo”. Entre tantos insights, ele trabalha com um sistema de mudança de paradigma muito poderoso. Isto é, para Bob, paradigmas,
[…] são uma infinidade de hábitos que orientam cada movimento que você faz. Eles afetam a maneira como você se alimenta, como caminha e até mesmo como fala. Eles governam sua comunicação, seus hábitos de trabalho, seus sucessos e seus fracassos.
Para a grande parte das pessoas, os paradigmas não são originados pelo próprio indivíduo. Ao contrário, eles são exatamente a herança acumulada dos hábitos, opiniões e sistemas de crenças de outras pessoas.
Nesse caso, particularmente durante a idade dos 0-7 anos é que esses paradigmas são passados para as crianças. A importância da educação nesta faixa-etária foi muito bem exaltada no documentário “O segredo da vida”.
A questão é: por que os educadores devem se preocupar especialmente com a formação das crianças entre 0-7 anos? Porque é nessa faixa-etária que funcionamos psiquicamente quase que exclusivamente com base no inconsciente. Com efeito, a herança acumulada dos hábitos, opiniões e sistemas de crenças de outras pessoas são apreendidas sem mediação da consciência, isto é, sem que possamos fazer escolhas e julgar.
Biologia das crenças
O que Bob chama de paradigma se assemelha ao que o biólogo americano, Bruce Lipton, chama de programação ou biologia das crenças. Bruce Lipton faz parte do documentário “Heal, o poder da mente”.
Bruce desconstrói o mito de que os genes controlam nossas vidas. Portanto, controlariam a infinidade de hábitos e crenças que carregamos. Com base nas descobertas da nova ciência chamada epigenética, ele afirma que, na verdade, o desenvolvimento das células no corpo não são determinados pela genética familiar. Ao contrário, os genes são determinados pela mente, a consciência, enfim, as visões de mundo. Isto é, aquilo que pensamos influencia a química no sangue, controlando a genética.
A implicação prática dessa descoberta é que o desenvolvimento de células tóxicas, de doenças no corpo, estão mais relacionados com o ambiente em que vivemos, nosso estilo de vida, e os pensamentos que entretemos (ideias, crenças e atitudes). Portanto, o indivíduo passa de vítima da sua herança genética a ator, criador do seu próprio destino.
Isso tem uma implicação dupla: enquanto, criador, a pessoa decide viver ou não com traumas, medos, tristezas, stress, angústias, preocupações, dúvidas e depressão; ao mesmo tempo, é preciso um trabalho árduo, vagaroso e contínuo de autoconhecimento e paciência, pois a programação de crenças (os paradigmas do inconsciente) que herdamos são, geralmente, obscuros àquilo que decidimos de maneira consciente.
Portanto, se mudar seus hábitos, crenças e pensamentos, você estará mudando a sua genética. Isso explica porquê é importante a decisão consciente de ter uma dieta saudável, viver uma vida com baixo stress e abrir espaço e tempo para praticar atividades de mindfulness, como a meditação e o Jiu-jitsu. Elas auxiliam a mudar as crenças que são invisíveis, porém determinam uma grande parte da nossa existência, tanto social quanto genética.
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